


Heráclito.
(...) porque sou salva pela metáfora, a única realidade. A ciência não salva, porque insiste em chamar as coisas por seus nomes e quem suporta isto ?
O amor é a mais fantástica metáfora, a realidade mais incrível.
Pedro ama em mim o que serei quando for.Adélia Prado - Os componentes da banda. Editora Rocco, p. 49
Jeito de Mato
Imagem googleComposição: Paula Fernandes/ Maurício Santini
De onde é que vem esses olhos tão tristes?
Vem da campina onde o sol se deita
Do regalo de terra que teu dorso ajeita
E dorme serena, no sereno e sonha
De onde é que salta essa voz tão risonha?
Da chuva que teima, mas o céu rejeita
Do mato, do medo, da perda tristonha
Mas, que o sol resgata, arde e deleita
Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda onde nascem tuas canções
As tempestades do tempo que marcam tua história,
Fogo que queima na memória e acende os corações
Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar...
Ah, ah, ah ...
Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas, ondas, águas do teu mar...
Ah, ah, eh, la, iá ...
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
É quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já…
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida…
Saudade é sentir que existe o que não existe mais…
Saudade é o inferno dos que perderam,
É a dor dos que ficaram para trás,
É o gosto de morte na boca dos que continuam…
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
Aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
Não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido…
Pablo Neruda
PENSO E PASSO
by Banco de Imágenes Gratuitas
Alice Ruiz
Quando penso que um palavra
Pode mudar tudo
Não fico mudo
Mudo
Quando penso que um passo
Descobre o mundo
Não paro o passo
Passo
E assim que passo e mudo
Um novo mundo nasce
Na palavra que penso.
Rosa
Composição: Pixinguinha, Otavio de Sousa
Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa
No amor!
Por Deus esculturada
E formada com ardor...
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olôr
Que na vida é preferida
Pelo beija-flor...
Se Deus
Me fora tão clemente
Aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela
Deslumbrante e bela...
Teu coração
Junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado
Sobre a rosa e a cruz
Do arfante peito teu...
Tu és a forma ideal
Estátua magistral
Oh! alma perenal
Do meu primeiro amor
Sublime amor...
Tu és de Deus
A soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração
Sepultas um amor...
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes
Cheios de sabor
Em vozes tão dolentes
Como um sonho em flor...
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim
Que tem de belo
Em todo resplendor
Da santa natureza...
Perdão!
Se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh! flor!
Meu peito não resiste
Oh! meu Deus
O quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar
Em esperar
Em conduzir-te
Um dia ao pé do altar...
Jurar aos pés do Onipotente
Em preces comoventes
De dor, e receber a unção
Da tua gratidão...
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te
Até meu padecer
De todo fenecer...
O TEMPO DE DEUS
"Como fruta colhida ainda verde ou uma flor cortada antes de se abrir, as nossas tentativas de apressar o tempo de Deus pode estragar a beleza de Seu plano para a nossa vida. Só porque algo é bom, não quer dizer que devemos buscá-lo neste exato momento. Temos que nos lembrar que A COISA CERTA NO TEMPO ERRADO, É A COISA ERRADA."
Joshua Harris
o meu carteiro
O meu carteiro, adoro-o
se me traz facturas saldos bancários
zero na conta a ordem
menos que zero na conta a prazo
poupanças nada e
crédito disparando
faz várias perninhas ali mesmo
no átrio em cima do tapete
desculpando-se com habilidades várias
de modo que eu
ansiosa pelo seu toque
visto-me como quem não quer, mas quero
e peço-lhe mordiscando-lhe a orelha: por obséquio
mais papelada amanhã
dessa que me agiganta até
transformar-me em nada
onde nos desencontraremos
Bénédicte Houart, in Aluimentos
Composição: Rafael Hernandez / Ibrahim Ferrer
Duermen en mi jardin
las blancas azucenas, los nardos y las rosas,
Mi alma muy triste y pesarosa
a las flores quiere ocultar su amargo dolor.
Yo no quiero que las flores sepan
los tormentos que me da la vida.
Si supieran lo que estoy sufriendo
por mis penas llorarían también.
Silencio, que están durmiendo
los nardos y las azucenas.
No quiero que sepan mis penas
porque si me ven llorando morirán.
Chamam as coisas pelos nomes
Chamam as coisas pelos nomes
são as crianças
se os desconhecem
observam-nas devagar e
sem pestanejar
depois pegam no dicionário
abrem-no ao acaso
aqui está!
é esta a palavra certa
os pais corrigem
trocaste-as
como de costume
tolice, replicam
empinando o nariz
se foi ela que me disse
que se chamava assim
Bénédicte Houart
Vida: variações
Edições Cotovia, 2008
Mãe...
Mãe...São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito
Para louvar a nossa mãe,
Todo bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!
Mário Quintana
En Los Jardines Humanos
En los jardines humanos
Que adornan toda la tierra
Pretendo de hacer un ramo
De amor y condescendencia
Es una barca de amores
Que va remolcando mi alma
Y va anidando en los puertos
Como una paloma blanca
Permiso para cortar
La flor del comprendimiento,
La yerba de la esperanza,
La hojita del sentimiento.
En el centro de mi ramo
La rosa del corazón,
El árbol más amistoso
Y el fruto de la pasión.Violeta Parra -
"Quero ser teu amigo, nem demais e nem de menos...
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida...
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar,
Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar
E sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais...
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso:
É tão difícil aprender...
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças...
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias!"
(Fernando Pessoa)
Morte, tu morrerás!
Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem
Poderosa, temível, pois não és assim.
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás.
LONGE É UM LUGAR QUE NÃO EXISTE
Richard Bach