3 de setembro de 2010

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de sua presença.

Nada exige ou pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza,

Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona aquilo

que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém,
nunca fenece e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não.

Ele venceu a dor, e resplandece no canto obscuro,

tão mais velho quanto mais amor.


Carlos Drumond de Andrade

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