Em grandes bandejas de clara pratahá cerejas vermelhas, muito cintilantes.
Serão as manhãs nórdicas suspensas na noite?
lençóis d’água, ramos de flores?
Serão as pedras sangrentas de que coroas,
de que reinados – ó Golconda a meus pés
desfeita em sombra...?
Serão gotas de sangue, ó Crucifixos,
ó dor humana e divina alçada entre lanças
de pólo a pólo...?
Serão apenas lagrimas
vossas
minhas
nossas
estas lagrimas que vão e vêm pela nossas veias
e aparecem aqui resplandecentes,
anônimas e tão poderosas,
subitamente mostradas
e logo depois
em sonho, eternidade, gloria
confundidas...
Ah, o tempo!
Cerejas de fogo no rosto da prata quieta.
Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Sonhos (1950-1963)
19 de fevereiro de 2010
Cerejas na Prata
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Poesia - autor(a) brasileiro (a)
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