16 de setembro de 2008

A miséria do meu ser,


A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,

Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer

Que roda fora da pista.


Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço

E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.

É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível

Pelo ruído imprevisto...
Sou assim.Mas isto é crível?
Fernando Pessoa

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