3 de abril de 2008

Jeitos de Amar by Adélia Prado

Uma personagem põe-se a lembrar da mãe,
que era danada de braba, mas esmerava-se
na hora de fazer dois molhos de cachinhos no cabelo da filha,
para que ela fosse bonita pra escola.


"Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor"
É comovente porque é algo que a gente esquece:
milhões de pequenos gestos são maneiras de amar
Beijos e abraços são provas mais eloqüentes,e
xigem retribuição física, são facilidades do corpo.


Porém há diversos outras demonstrações mais sutis.
Mexer no cabelo, pentear os cabelos,
tal como aquela mãe e aquela filha,
tal como namorados fazem,
tal como tanta gente faz: cafunés.


Amigas colorindo o cabelo da outra,
cortando franjas, puxando rabos de cavalo,rindo soltas.
Quanto jeito que há de amar.


Flores colhidas na calçada,
flores compradas, flores feitas de papel, desenhadas,
entregues em datas nada especiais: "lembrei de você".
É este o único e melhor motivo para azaléias,margaridas, violetinhas.
Quanto jeito que há de amar.
Um telefonema pra saber da saúde,
uma oferta decarona, um elogio, um livro emprestado,,
uma cartarespondida, uma mensagem pelo celular,
repartir o que se tem, cuidados para não magoar,
dizer averdade quando ela é salutar, e mentir, sim, com carinho,
se for para evitar feridas e dores desnecessárias.


Quanto jeito que há de amar.
Uma foto mantida ao alcance dos olhos,
uma lembrança bem guardada,
fazer o prato predileto de alguém ebotar uma mesa bonita,
levar o cachorro pra passear, chamar pra ver a lua,
dar banho emquem não consegue fazê-lo só,
ouvir os velhos, ouvir as crianças,
ouvir os amigos, ouvir os parentes, ouvir.
Quanto jeito que há de amar.


Orar por alguém,
vestir roupa nova pra homenagear,
trocar curativos, tirar pra dançar,
não espalhar segredos, puxar o cobertor caído, cobrir,
visitar doentes, velar, sugerir cidades, filmes, cds,brinquedos, brincar...
Quanto jeito que há.

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