

Primavera.
Um pedaço de céu caiu na terra:
em tufos fofos de flocos frouxos frívolas hortênsias
volantes como crinolinas fúteis
desmancham-se em reverências
ou passeiam como sombrinhas lindamente inúteis
ou pousam empoadas de ar como pompons.
O céu é um grande linho muito passado no anil
que o vento enfuna num varal de vidro.
Ele é o toldo azul de um bazar
onde brinca vestido de ar
um clown elástico, ágil e sutil.
Guilherme de Almeida
Publicado no livro Meu: livro de estampas (1925).
Nenhum comentário:
Postar um comentário