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Folha de S. Paulo - 23/10/2007 - CAPA
Moradores de rua dormem diante da catedral da Sé (região central de São Paulo)
Foto: Marlene Bergamo/Folha Imagem
Paradoxalmente, a rua continua sendo o que resta ao maldito quando tudo lhe foi suprimido - bem se pode dizer, às vezes, um luxo inaudito para aqueles que só têm um corpo exigente e doloroso, frágil e imperioso. Mesmo se deve partilhar essa geografia monstruosa com os cães errantes, os ratos esfomeados e as dejeções animais ou latas de lixo viradas, o maldido mostra uma excepcional vitalidade, uma coragem inominável e uma força que me é difícil imaginar naqueles a quem eles devem tal condição: os guardas das galés do capitalismo arrebatado (…) a miséria suja, aquela fedorenta e enjoativa que enfastia e causa náuseas, resultada do funcionamento da máquina social, é uma reciclagem dos restos, uma produção daquilo que, mesmo em Platão, por causa da extrema vilania, como as unhas, os cabelos ou a sujeira, jaz como puro fenômeno, em correspondência inteligível. Degradação entrópica do único ser em questão: o ser social e as máquinas que o acompanham.” (do livro “A política do rebelde - tratado de resistência e rebeldia”,
Michel Onfray, págs.68 e 69, ed.Rocco)
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